Cadeira 25
Ao ficar velho, com mais de 60 anos, posso garantir com segurança que envelhecer é um bom desafio: vive-se o momento e tudo o que passou, mas não se perdeu da lembrança: por isso os velhos têm sempre boas histórias a nos contar. Vive-se bons momentos que se tornam lembranças queridas. No meu caso, eu lembro como se fosse ontem, meu avô trazendo enfiadas de caranguejo que vovó botava na panela de água quente, como se aquilo não fosse uma crueldade. Mas como eles eram bichos feios, não parecia doer. Sofrimento dos feios não comovia, nem quando vovó Doroteia afundava […]
Cotidiano familiar e de pessoas simples de São Luís no início do século XX é lembrado em narrativas do escritor Tia Rosinha era uma negociante conhecida como “Barraqueira do Areal”, especialista em garantir vendas a prazo para os “bebuns” mais corajosos, que sabiam beber e pagavam o que bebiam. A quitanda, que também vendia frutas, ficava no Areal (atual bairro Monte Castelo), debaixo de umas grandes árvores chamadas barrigudeiras, porque eram grossas. E assim era Rosa com seu bonito visual, sempre preparada para uma festa que nunca houve porque os parentes tinham inveja dela por ser bonita e desinibida. Pelo […]
A chegança do Carnaval faz lembrar das pessoas que não esquecem dos “tempos idos”, em que Carnaval era brincadeira que reunia pessoas de todos os tipos, principalmente as que tinham vocação para brincadeiras populares: melhor dizendo – era a hora e a vez dos velhos relembrarem o que haviam aprendido. E olha que, nesse relembrar, surgiu novidades surpreendentes, como o caso da “nega bonita”, de calça amarela e chinelo de couro, que os sambistas que se misturaram com a “baianice” que somos incapazes de separar um dos outros. É bom lembrar que a cantoria “baianense” tem tudo a ver com […]
Escritor relembra em depoimento a trajetória e amizades construídas com o passar dos anos À medida que os anos se passam eu vou me tornando mais constante dos meus deveres entre amigos e inimigos. Na verdade, segundo minha contagem, só tenho amigos. Os inimigos me detestam. Pagam para não me ver, o que me deixa muito feliz. Afinal, sou um cidadão sem inimigos conhecidos; os que se arrogam pela inimizade a mim acabam dominados por essa força que me acompanha e da qual não posso abrir mão – o amor é muito mais forte e significativo que a inveja e […]
Escritor maranhense, que se dedicou 20 anos a árdua tarefa do jornalismo policial, narra a importância de ser leve Eu sou um pacificador; nunca briguei com ninguém, mas os outros brigam comigo; invejam meu estado de ser. Este ano completo 18 anos que conheci a Brahma Kumaris, graças à colaboração dos amigos Ednalva e Públio. Nesta época a sede da entidade, no Rio de Janeiro, localizava-se na Rua Pinheiro da Cunha (Usina); passou por Copacabana; virou uma casa na Urca que congrega a amizade entre os correligionários que encontram sabedoria e amor pelo plano das “acontecências”. Os encontros são de […]
Apaixonado pela escola de samba Mangueira, do Rio de Janeiro, o respeitado advogado criminalista Alcyone Barretto também fez história no Carnaval. É doloroso, mas vale relembrar um nome que marcou sua passagem pelos meios jurídicos e carnavalescos neste país – AlcyoneBarretto. Na companhia dele, durante os carnavais, inaugurou-se o Sambódromo, onde Darcy Ribeiro imortalizou o desfile das escolas de samba. A par disso, não fossem os maus dias que viriam, sempre envolvendo problemas de saúde, para Darcy Ribeiro o Carnaval deveria ser em todos os dias do ano. Uma única brecha dos ditos dias comuns, em geral sem graça e […]
Radicado no Rio de Janeiro, o escritor, jornalista e roteirista maranhense José Louzeiro relembra a infância e as paisagens de São Luís. “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá” Principalmente na Praça Gonçalves Dias, vizinha do Colégio São Luís, onde tomava sábias lições dos professores Maria Freitas, Luiz Rego e Nascimento Moraes. Na verdade, frequentava mais a praça que as carteiras escolares, tão gentilmente cuidadas pelo prof. Luiz Rego que, do coreto, observava os coleguinhas peraltas, entre eles, eu, na praça e arredores. Para me ocupar, o mestre “inventou” que […]