As singularidades da Franca Equinocial, título do livro que dediquei aos escritos franceses sobre o Maranhão do século XVII, traz em evidência um termo importante, capaz de retraçar a trajetória do trabalho e de seu próprio objeto: “singularidade”.
Nas relações de viagens no século XVI, a nação de “singularidade” aparece como indissociável da tese da diversidade das coisas, refratada na variedade segunda dos textos. O título surgia, assim, em primeiro lugar, como paráfrase de uma obra importante, a de André Thevet, publicada em 1557, As singularidades da França Antártica. Com a paráfrase, buscava, tão-somente, relacionar as duas tentativas de colonização francesa – a do Rio de Janeiro, em 1555, e a do Maranhão, em 1612 – na equivalência da escrita de relatos que trazem o testemunho ocular de singularidades americanas. Em todos esses relatos encontra-se também a mesma oposição, garantia da novidade do observado: a dessemelhança na cisão entre lá e cá, par delà e par de-çà, o Velho e o Novo Mundo…